sexta-feira, 7 de março de 2014

magine que a minha felicidade está em comprar um par de sapatos. Antigamente a gente usava aqueles sapatinhos Verlon. Era um sapatinho termostático, feito todo de borracha, de um material só. Tinha uns furinhos para o pé poder suspirar, a gente passava banha de porco, ficava engraxadinho. 

Acontece que o pé cresce, o sapato não, mas não tinha dinheiro pra comprar outro. Então ia entortando o pé. A mãe comprava cinco números maior, a gente colocava algodão na ponta e estufava o pé.
Aqueles furinhos de cima rebentavam e a mãe remendava com barbante, arame. Só para o outro não vê, deixava o nó por dentro.

Aquilo era um sofrimento, pensa bem! E quando furava a sola, a gente tinha vergonha de ir à missa, ajoelhar. Então colocava papelão, até juntar dinheiro pra botar meia sola. Hoje, é tão fácil comprar um novo, que os sapateiros estão todos desempregados.

Se a felicidade é comprar um par de sapatos, você compra. Aparece na televisão um modelo novo. A sua felicidade está em comprar o outro par de sapatos. Nem pagou a primeira prestação do primeiro sapato, já compra o segundo. Aí você tem 30 pares de sapato. É feliz?"

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